Ana Raspini é viajante, além de professora de Inglês, e escritora.

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Brasileira, professora de Inglês, escritora, mas acima de tudo, viajante.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

A Viagem como União

Numa matéria muito compartilhada nas redes sociais esta semana (veja aqui), a Amanda Noventa, do Amanda Viaja, fala de como uma viagem pode ser uma terapia, como ela pode juntar os pedacinhos do seu coração partido, ou tirar a névoa que escondia aquela resposta que você tanto procurava sobre a sua vida. Mas uma frase específica me fez pensar: "A viagem ajuda os solitários a conhecerem pessoas novas, famílias a se reconectarem, amigos a fortalecerem a amizade e casais a descobrirem de verdade se querem ficar juntos ou não"...


Aquele último pedacinho ficou colado em mim por uns dias: "ajuda casais a descobrirem se querem ficar juntos"... Muito têm-se dito ultimamente sobre viajar sozinho, especialmente para mulheres, coisa que eu admiro e apoio, até entrevistando amigas que já o fizeram aqui pro blog. Quero muito passar pela experiência eu mesma um dia, pois imagino que deve se tratar de uma descoberta tremenda sobre si mesmo.

Mas viajar com o cônjuge ou namorad@ também pode ser uma profunda descoberta. Digo mais, pode ser um teste de fogo.

Sempre penso que um@ companheir@ deve ser escolhid@ com base não nas preferências, mas nos grandes objetivos da sua vida. Se seu maior objetivo for adquirir bens e ter uma vida segura, não case com alguém que não tem educação financeira e sai por aí gastando com bens efêmeros. Se o seu maior objetivo é ter filhos, não case com alguém que não os quer. Se dormir é um dos maiores prazeres da vida na sua opinião, não case com alguém hiperativo que dorme apenas 4 horas por dia e acha isso perda de tempo.

Parece fácil, mas não é. Eu sei.

Mas além de encontrar alguém com hábitos de sono e objetivos semelhantes aos seus, para quem é viajante é de suma importância encontrar alguém que também o seja. Uma alma viajante procura por outra alma viajante, certo?

Porém, quando a vida de viajante só começou depois da estabilidade financeira proporcionada pela união das duas rendas e divisão das contas, como no meu caso, não havia maneira de saber antes que tipo de viajantes seríamos juntos.

Eu também não acredito em alma gêmea ou príncipe encantado, nem nesse papo de amor que "era pra ser". Eu sei que a vida é dura e que amor se constrói diariamente, passo a passo, com muito esforço e vontade de aprender. Sim, eu sei que estou resumindo o que é, na verdade, a vida e que isso não é nenhuma novidade. O que eu quero dizer é que uma viagem é como a vida, mas mais intensa.

Numa viagem longa, tudo é maximizado: a alegria, o encantamento, as dores, os problemas, o aprendizado... Não existe "rotina" numa viagem, e é por isso que viajar com @ companheir@ é um teste muito maior que a vida diária consegue ser.

Não só pelos hábitos de sono, do banho, ou das refeições, mas até pela velocidade do passo, que é um passo diferente na rua, no metrô, na catedral e no museu. A frequência da vontade de fotografar algo, de mostrar algo ao outro, de parar para olhar, ou não. Os quilômetros percorridos com facilidade, depois com muita força de vontade, e o momento da pausa. Se perder e voltar ao último lugar familiar, ou ir adiante e ver onde essa rua vai dar. Virar à esquerda na placa indicativa de ponto turístico, ou à direita porque viu uma torre bonita no final da rua. Cada passo numa viagem é uma decisão mútua, que pode ser fácil ou não.

A dinâmica da vida diária é potencializada numa viagem e faz com que os nuances dessa dinâmica fiquem muito claros para os dois, seja positiva ou negativamente. Se nem tudo é sincronizado como um reloginho entre vocês dois, a viagem (como a vida) serve para aprender que se cada um ajustar um pouquinho, essa engrenagem pode dar certo. Mas a viagem também apontará formatos de peças que nunca vão se encaixar.

Deixe uma viagem longa e pra bem longe testar seu relacionamento. Se combinar, é quase blindado; se não combinar, viaje para encontrar um novo amor.

...

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2 comentários:

  1. Amei, Ana! É bem assim mesmo. E digo que viajar sozinha nos faz sentir falta da cia do outro. Acredito que viajar sozinha e solteira seja uma experiência mais libertadora ainda, mas vou passar essa. Hehehe. Bjos

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