Ana Raspini é viajante, além de professora de Inglês, e escritora.

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Brasileira, professora de Inglês, escritora, mas acima de tudo, viajante.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

VENEZA, a inalcançável

Veneza é um destino difícil de alcançar, por vários motivos. Nem carro, nem ônibus, nem trem chegam lá. Esqueça o táxi ou o metrô. Nem bicicletas existem na ilha, visto que a maioria das pontes é feita de degraus, e não em rampa.

Ainda no continente, existem estacionamentos pagos abarrotados de carros. Saindo deles, você verá uma pequena ponte que liga o continente à ilha. Uma ponte moderna apenas para pedestres, como quase tudo em Veneza.

No nosso caso, andar até a ilha não era uma opção, pois nosso hotel era na extremidade oposta ao continente e tínhamos malas para carregar. Além de andar, a única outra maneira de chegar à ilha é de barco: pegando um caríssimo táxi aquático, ou o famoso vaporetto.

O vaporetto é a maneira mais barata de alcançar Veneza, porém, lá você aprende que as palavras “barato” e “Veneza” nunca andam juntas. Uma passagem de vaporetto custa 7 euros por pessoa, por trecho. Nada mal para um transporte público na Europa, hein?

Veneza foi, de longe, a cidade mais cara por onde passei. É caro se hospedar, é caríssimo comer, é caro até ir ao mercado comprar água. Mas tudo bem, lá você entende o motivo. Todo o transporte é feito por barcos e isso inclui coisas que a gente nem imagina, como a retirada do lixo, a entrega de lençóis limpos no hotel, a entrega da cerveja ou do vinho consumido no jantar por milhares de turistas. Tudo depende de um barco. Por isso, gondoleiros são ricos e invejados, e modelos de barco são ostentados como Ferraris e Lamborghinis o são no resto da Itália.

Mas, ó céus, como uma cidade com uma logística tão difícil e preços tão inflacionados pode ser tão romântica? Seria “inalcançável” sinônimo de “romântico”? Sou avessa a essa ideia brega de romantismo. Romantismo sugere que você é especial e que a outra pessoa também o é, e que vocês, por algum motivo, são especiais juntos. Fala sério! Somos mais de 7 bilhões nesse mundo, por que eu haveria de achar que sou especial? Românticos me cansam...

Mas, ó céus, andar pela praça São Marcos numa noite quente, enquanto uma pequena orquestra em um café tocava uma das canções de O Fantasma da Ópera foi absurdamente romântico! Me emocionou profundamente ver um casal de velhinhos se olhando com doçura enquanto balbuciavam o refrão de “Tudo que se quer” um pro outro...

Veneza é tão inalcançável quanto é romântica, e ser brega de vez em quando não é tão ruim assim.


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