Ana Raspini é viajante, além de professora de Inglês, e escritora.

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Brasileira, professora de Inglês, escritora, mas acima de tudo, viajante.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

MÚSICAS DE VIAGEM

Uma compilação de músicas para inspirar sua viagem, seja antes de partir, seja para ouvir no avião/trem/ônibus/carro/bicicleta:


Engenheiros do Hawaii - Infinita Highway



Letra: http://letras.mus.br/engenheiros-do-hawaii/12889/

Kleiton & Kledir - Vira Virou



Letra:
http://letras.mus.br/kleiton-e-kledir/219077/

My Morning Jacket - One Big Holiday


Letra: http://letras.mus.br/my-morning-jacket/448065/

Sara Bareilles - Chasing the Sun


Letra: http://letras.mus.br/sara-bareilles/chasing-the-sun/

Mumford & Sons - The Cave



Letra: http://letras.mus.br/mumford-sons/1590711/

Red Hot Chilli Peppers - The Zephyr Song


Letra: http://letras.mus.br/red-hot-chili-peppers/63396/

Angus and Julia Stone - Bella




Letra: http://letras.mus.br/angus-and-julia-stone/1130384/

sexta-feira, 10 de abril de 2015

POR QUE VIAJAMOS?

De tempos em tempos, é como se meu corpo, meu cérebro, minha moral me pedissem para vagar.

Umas quatro vezes ao ano, aproximadamente, meu sistema límbico grita pedindo ruelas sem destino, vislumbres inesperados, belezas não intencionais, desconhecidos tão íntimos.

Por que viajamos?

O bichinho pica, ou o vício começa na primeira viagem longa, no primeiro caminho traçado pelos próprios pés, na primeira decisão pessoal e única do indivíduo entre virar à esquerda ou à direita, num país desconhecido, numa rua de nome impronunciável.

Mas o que desengatilha o vício são as epifanias. As constantes, múltiplas epifanias sobre a condição humana.

Vislumbrar a falta de importância de assuntos mundanos que nos corroem, como sucesso profissional, aquisições materiais, imagem pessoal... Quando viajamos, essas coisas perdem o sentido de ser, perdem importância, perdem a capacidade de nos consumirem. O questionamento se elas alguma vez foram, de fato, imprescindíveis nas nossas vidas incomoda, depois sossega... E não, elas nunca importaram.

Outra epifania é a constatação da sua própria cultura como você nunca havia sentido antes. A consciência e reflexão sobre a nossa cultura é mais intensa quando a comparamos com outras. É fora do Brasil que nos sentimos, irreversivelmente, brasileiros.

Mas a mais importante epifania, a que me faz gastar todo meu salário e meu tempo livre de um jeito que minha família desaprova é a constatação da minha pequenez.

Viajar, conhecer outros idiomas, outras culturas, outras pessoas e as maneiras com as quais elas encaram a vida, a morte, os percalços, é isso que nos faz sentir tão pequenos.

Sinto-me verdadeiramente inútil e desnecessária no mundo quando eu saio pelo mundo. Vejo que ele funciona sem mim, e, por vezes, melhor sem mim. Lembro de Fernando Pessoa dizendo “A realidade não precisa de mim”... De fato, ela não precisa!

Vejo gente tão mais contente, ou não. Tão mais artística, ou não. Gente tão mais humana, ou não.

Eu me sinto desimportante. Lembro que jamais farei algo verdadeiramente eterno, nunca serei capaz de mudar o eixo de rotação da terra, porque o mundo é infinitamente maior e mais importante que eu... E isso é libertador!

A mansidão de não ter pretensões, de não reivindicar nada, e mesmo assim ter o privilégio de andar pelo mundo e testemunhá-lo na sua crueza, na sua beleza, na sua imperfeição... É por isso que eu viajo.