Ana Raspini é viajante, além de professora de Inglês, e escritora.

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Brasileira, professora de Inglês, escritora, mas acima de tudo, viajante.

terça-feira, 23 de junho de 2015

AEROPORTOS

Seja partindo, seja voltando, acompanhada ou só, aeroportos são os lugares mais tristes do mundo pra mim. O cansaço, o incerto, a dor nos olhos secos sem dormir há dias, estômago semi-virado da comida ruim, ou da turbulência, tudo isso sem falar do coração, que segue apertadinho... Mas aeroportos podem ser os lugares mais felizes do mundo também.

Acabo de lembrar de uma frase que rodou pelas redes sociais há um tempo, da qual não consegui identificar a origem: “Aeroportos já viram mais beijos sinceros do que casamentos. Paredes de hospitais já ouviram preces mais honestas do que igrejas”. A verdade dessa citação chega a doer.

Dói em mim porque já chorei em aeroportos, e sei o quão sincera foi cada lágrima. Dói porque já me despedi sem saber se aquele beijo seria o último, tremendo de medo de que fosse. Aeroportos podem te trazer a maior alegria e alívio que você já sentiu, mas também podem te oferecer a maior dor humana: o questionamento da despedida final. Essas serão minhas últimas palavras?

As estruturas frias de aço e concreto nunca oferecem um abraço, nem uma palavra bondosa aos que sofrem. Dói lembrar de cada vez que me senti vulnerável num aeroporto sem ninguém para abraçar, fosse por estar partindo, fosse por estar deixando alguém partir.

A alegria também existe num aeroporto, é claro. O alívio do reencontro, o abraço apertado, um beijo que parece ser o primeiro. Esses reencontros felizes fazem o passado desaparecer, fazem com que o temor da despedida, das últimas palavras, se desfaça completamente. Se existe uma passagem de volta, a gente fica feliz em esquecer. O que é o amanhã se o dia hoje é de felicidade?

Penso em aeroportos como deuses impassíveis num altar, olhando-nos de cima e decidindo quem será o próximo a ser punido, com um atraso ou um cancelamento, ou premiado com um reencontro. Donos dos nossos destinos e incapazes de sentir empatia, seguem movendo nossas histórias como peões num jogo de tabuleiro. Sem muito controle sobre a própria vida, nos resta esperar. Esperar por bom tempo, uma viagem tranqüila, um retorno seguro. Talvez boa comida.



5 comentários:

  1. Ha tambem a esperança e ansiedade de uma nova aventura, o que neste caso, para mim, supera qualquer tristesa

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  2. Maravilhosamente descreve os sentimentos das chegadas e das despedidas.

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  3. Maravilhosamente descreve os sentimentos das chegadas e das despedidas.

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  4. Ha tambem a esperança e ansiedade de uma nova aventura, o que neste caso, para mim, supera qualquer tristesa

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    1. Concordo que também há a ansiedade da aventura, Clarisse! Bem lembrado!

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