Chegando em Montevidéu, o aeroporto nos remete a 10 anos no futuro. Porém, ao sair dele e pegar um ônibus até o centro, a sensação é de ter voltado 20 anos no passado.
O ônibus era muito antigo, com bancos em couro já rasgados. O motorista se mostrou amigável, e nos confirmou que estávamos na linha certa. Ao sentarmos, observei que todas as janelas estavam fechadas, pois era inverno e fazia muito frio. A maioria das pessoas locais carregava uma garrafa térmica e um mate, numa cuia muito menor e mais arredondada do que eu estava acostumada. Alguns tomavam seus mates muito sérios, fitando a janela. Outros, falavam do tempo e da política.
No caminho, muros pichados com a frase “Avante Celeste” nos lembravam que a Copa havia recém passado. E que nuestros hermanos Uruguayos também levam futebol a sério.
Um hotel muito simples, com um colchão esburacado, no entanto, dava provas de um passado glorioso, nos seus corredores decorados com papel de parede italiano e pinturas barrocas.
O passado também está nas ruas, monumentos bem cuidados em cada esquina, prédios antigos em pleno funcionamento.
No Mercado do Porto, a comida é uma revelação, não só em sabor, mas na maneira de ser preparada. O churrasco é quase uma grelha, ou nem isso... Na carne deles, muito menos sal que a nossa, e, justo por isso, muito mais sabor. Ovos cozidos, queijos e pimentões marcam quase todas as receitas uruguaias. Mas um medio y medio, certamente, é o arremate perfeito.
Do lado de fora do Mercado, apresentações de Chula e de Boleadeiras me enchem os olhos d’água, e eu aplaudo gritando, quase sozinha. Só então, já envergonhada, noto que os turistas Estadunidenses não acharam a performance tão impressionante assim.
Mas eu não me importo, acho essa cultura que compartilhamos linda. Não me importo com os carros antigos, nem com alguma sujeira nas ruas. Tudo bem que a estrutura turística não é perfeita, e que, às vezes, nem tudo que se precisa está ao imediato alcance. Um gaúcho entende. Um gaúcho perdoa.
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Fotos 1, 2, 3 e 4 de Fabíola Batista
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