Ana Raspini é viajante, além de professora de Inglês, e escritora.

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Brasileira, professora de Inglês, escritora, mas acima de tudo, viajante.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Porque eu NÃO invejo o casal que se aposentou aos 30 anos para viajar o mundo

Já faz um tempo que eu adio este texto... Já iniciei e parei ele umas duas vezes... Sempre fico na dúvida se a polêmica vale a amizade, hehe.

A história do Casal que acumulou 1 milhão de dólares aos 30 anos, se aposentou e hoje viaja pelo mundo, a princípio, me chamou a atenção, claro! Abri a matéria imediatamente para saber COMO ELES FIZERAM ISSO? Também quero!

Porém, a cada linha, minha empolgação se dissipava.

Primeiramente, ambos tinham empregos corporativos com altos salários, o que já os distancia da minha, da sua, da nossa realidade.

Mas o que mais me entristeceu foi a parte em que eles contam sobre todos os sacrifícios que fizeram para alcançar esse milhão. As mazelas chegaram ao ponto de usar mais blusas e casacos dentro de casa só para evitar ligar a calefação! Eles moram nos EUA!

Além dessas privações no estilo de vida, eles trabalharam como loucos, atrás de promoções, aumentos e bônus. Trabalharam muitas horas mais do que os outros colegas.

Toda essa abnegação, de trabalho duríssimo e cortes absurdos nas atividades diárias, durou aproximadamente 7 anos!

Enquanto lia a matéria, meu cérebro só conseguia pensar: "E se eles tivessem morrido durante esse período de privações?"

Que ironia teria sido morrer no meio do caminho, no meio do plano, exaustos e infelizes.

Eu não faria o mesmo. Eu não faço isso na minha vida diariamente porque eu tenho uma visão muito clara da minha mortalidade e não acho que tamanho sacrifício vale a dúvida de estar vivendo de modo que me faça desejar morrer.

"Um criminoso foi condenado a prisão perpétua, porém sua pena foi reduzida pela metade. Como pode ser cumprida sua sentença?"

Da mesma maneira que esse desafio mental funciona, funciona a nossa vida.

O criminoso viverá um dia preso e um dia livre, pelo tempo que durar sua vida.


Como não sei quanto tempo permanecerei aqui, prefiro trabalhar um dia e viajar no outro (ou quase isso), e seguir assim, tendo a certeza de que metade do tempo que eu tinha foi fazendo o que eu mais amava.


Imagem Divulgação