Minha primeira estranheza: a familiaridade. Nenhuma cidade
européia que eu havia visitado até então, e nenhuma que visitei depois, é tão
familiar para um brasileiro quanto Lisboa.
Avenidas com canteiros centrais, cheiro do mar... Esqueça os
pombos, são as gaivotas que reinam aqui. Tão importantes que os portugueses
cantam sobre elas em seus fados, e se dizem gaivotas também.
O idioma, no entanto, é uma estranheza e uma familiaridade,
ao mesmo tempo. Às vezes, encanta, às vezes, faz gargalhar.
A cidade é íngreme, muito íngreme. Ou se está subindo, ou
descendo. Terreno plano apenas na beira do Tejo ou do Atlântico. Em Lisboa vi
“calçadas-escadas” pela primeira vez. Quando o cansaço for grande demais, pegue
um bonde... Pra qualquer lugar.
Azulejos, cortiços, e a grama mais verde. Arte em todos os
lugares. Mas o mais surpreendente: poemas a cada passo. Fernando Pessoa ficaria
tão orgulhoso... E nós, seguimos: um passo e um suspiro.
A Praça do Comércio tem um caminho pro mar, e o Castelo de
São Jorge não é do Santo, é dos gatos, muitos gatos... Os santos, aliás, são
muitos. Mas a humildade da Sé é a que deve deixá-los mais satisfeitos.
O fado vadio é dessas coisas que emocionam e viciam desde a primeira
experiência. Como se já fizesse parte da minha maleta de memórias, mesmo ouvido pela primeira vez.
E cuidado com o coração, os portugueses sabem ser melancólicos, o que é bom para a arte, sempre foi.
Aliás, sempre gostei de pessoas autodepreciativas, as que sabem rir de si mesmas. Saber rir de si mesmo é, por si só, uma arte.
Mas leve os anúncios a sério, mesmo que eles sejam óbvios, ou hilários.
E cuidado com o coração, os portugueses sabem ser melancólicos, o que é bom para a arte, sempre foi.
Aliás, sempre gostei de pessoas autodepreciativas, as que sabem rir de si mesmas. Saber rir de si mesmo é, por si só, uma arte.
Mas leve os anúncios a sério, mesmo que eles sejam óbvios, ou hilários.
Nada melhor que doces para curar um coração partido, e como
sabem fazer doces! Existem os óbvios, de paixão necessária, mas há também os
inimagináveis, não-tradicionais, que curam até traumas antigos.
Caso o doce não funcione para curar seu coração partido,
tente o vinho.
...
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